PORÍFEROS
Acredita-se que os primeiros animais que
surgiram na face da Terra tenham sido os poríferos. Várias são as hipóteses
sobre a origem dos animais. Uma das mais aceitas propõe que eles teriam
derivado de protistas flagelados coloniais, dando origem primeiramente à
linhagem dos parazoários (sub-reino Parazoa), representada pelos poríferos. O
Reino Animália ou Metazoa, como já foi dito, é formado por organismos
pluricelulares, heterótrofos e eucarionte, entre eles alguns não formam órgãos e,
portanto não apresentam sistemas, sendo agrupado no sub reino Parazoa que é
representada pelos poríferos, (Favaretto e Mercadante, 2009).
Cerca de 5.500
espécies de esponjas que já foram descritas ocorrem em todas as profundidades,
algumas esponjas atingem tamanhos consideráveis podendo chegar até a 2 metros
de altura nos recifes do caribe e até maiores na Antártica (Brusca e Brusca).
15.1 CARACTERÍSTICAS
GERAIS;
São representantes deste filo os
animais chamados de esponjas ou poríferos (do latim porus,
‘poro’, ‘orifício’, e ferre, ‘que transporta’, ‘portador’).
Ø Animais menos evoluídos de todos.
Ø Multicelulares,
mas suas células não formam tecidos bem definidos e muito menos se estruturam
em órgãos.
Ø Aquático,
predominantemente marinhos, vivendo presos às rochas ou outros substratos do
fundo do mar ou dos rios.
Ø O
corpo perfurado por grande número de poros, por onde entra a água, e um único
poro grande exalante (o ósculo),
pelo qual sai a água após percorrer a cavidade central do corpo.
Ø Podem
viver como indivíduo isolado ou colônias, mas fixa no substrato.
Ø Os
poríferos não possuem sistemas (digestivo, respiratório, nervoso e reprodutor).
Eles realizam a digestão intracelular. A respiração e a excreção se fazem por
difusão direta entre a água circulante e as suas células.
Ø São
animais filtradores, pois filtram água para obter partículas alimentares
(bactérias, algas, cianobactérias e restos de matéria orgânica) e também para
obter oxigênio.
Ø Coloração
variável conforme a alimentação.
Ø São
hermafroditas, porém não possuem gônadas.
Ø Forma
e cor do corpo das esponjas são bastante diversificadas, (linhares e
gewandsznajder).
A maioria das espécies de esponjas produz
ampla gama de compostos tóxicos, alguns bastante potentes, que atuam como
defesa desses animais contra predadores. Espécies de algum gênero como Tedania,
podem causar dermatite (inflamação na pele) nos seres humanos que a toquem. Mas
por outro lado muitas produzem compostos com atividade antibacteriana,
antifúngica e antiviral, o que tem despertado interesse para a produção de medicamentos,
(Lopes e Rosso, 2010).
15.2ORGANIZAÇÃO
CORPORAL DOS PORÍFEROS:
A estrutura corporal de uma esponja simples pode ser descrita como um
cilindro oco, fechado na base e com uma abertura relativamente grande no topo,
o ósculo (“boca”), a água penetra
através dos microscópicos poros que perfuram a superfície corporal da esponja
(daí o nome do filo) e atinge uma cavidade interna, a espongiocele (também
chamada de átrio), dali a água e lentamente expelida pelo ósculo, de modo que
há um fluxo líquido contínuo através do corpo do animal, (linhares e
gewandsznajder).
Figura extraída do Google, data 08/04/14
As esponjas
alimentam-se das partículas orgânicas presentes na água que circula em seu
corpo, por isso diz-se que são animais
filtradores, além de alimento a água que entra pelos poros e sai pelo ósculo
traz gás oxigênio e minerais, levando o gás carbônico e as excreções resultantes
das atividades celulares (Amabis e Martho 2010).
15.2.1 TIPOS DE
CELULAS;
Ø
Pinacócitos: revestem
o corpo externamente, são bem unidas, em esponjas mais complexas essas células
revestem também alguns canais na parede do corpo por onde a água circula (Lopes
e Rosso, 2010).
Ø
Porócitos: são células
típicas das esponjas e estão distribuídas entre os pinacócitos, o porócitos tem
um canal central que atravessa o citoplasma de lado a lado formando um poro por
onde a água penetra no corpo do animal (Lopes e Rosso, 2010).
Ø
Coanócitos: Uma célula
ovóide dotada de um flagelo onde a base é circundada por projeções da membrana
plasmática formando um funil. Nas esponjas mais simples os conócitos revestem
completamente a espongiocela já nas esponjas mais complexas e maciças os
conócitos revestem apenas certos canais e câmaras internas da parede corporal (Lopes
e Rosso, 2010).
Ø
Amebócitos: diferenciadas
e totipotentes (originam os outros tipos celulares) e localiza-se no meso-hilo,
onde digere e transporta alimento para outros tipos celulares. No meso-hilo
localizam-se também os elementos de sustentação esquelética das esponjas, que
podem ser espículas ou fibras (Lopes e Rosso, 2010).
Ø
Meso-hilo: mesênquima,
camada intermediária e gelatinosa entre as paredes interna e externa da esponja
(Lopes e Rosso, 2010).
15.2.2 - SUSTENTAÇÃO ESQUELÉTICA;
Ø
Espículas: são
estruturas minerais microscópicas em forma de agulha, estrela, haltere, etc. Podem
ser silicosas (constituídas de sílica {SiO2}) ou calcárias (constituída
por carbonato de cálcio{CaCO3}), e são produzidas por células
especiais os escleroblastos
originados pela diferenciação de amebócitos (Amabis e Martho 2010).
Ø
Fibras protéicas esqueléticas
são constituídas por uma proteína semelhante ao colágeno a espongina secretada por espongioblastos
células que também se diferenciam a partir de amebócitos. As fibras de
espongina formam uma trama ramificada entre as células corporais, constituindo
um esqueleto flexível e resistente.
·
Gregos usavam o
esqueleto de certas esponjas marinhas para polir suas armaduras de metal.
·
Já os romanos usavam
para tomar banho, fabricar esfregões e também um curioso hábito de encharcá-las
de vinho e depois as espremer para beber.
·
Hoje ainda são utilizadas
para banho, limpeza e polimento (Amabis e Martho 2010).
Figura
extraída do Google, data 08/04/14
15.3 TIPOS
DE PORÍFEROS:
Ø
ASCONÓIDE: de forma mais simplificada possuem limitações
ao tamanho. São tubulares e compostas por tubos fixados juntos em suas bases.
Superfície perfurada por poros. Cavidade interna (cavidade atrial) que se abre
no exterior através do ósculo. Tem parede fina, o átrio é totalmente revestido
pelos Coanócitos, a movimentação dos flagelos dos coanócitos força a expulsão
da água pelo ósculo o que estabelece o fluxo do líquido através da parede do
corpo do animal (Uzunian e Caldini).
O caminho percorrido pela água nesse tipo de esponja é:
Meio externo → poro → espongiocela → ósculo → meio externo.
Figura extraída do Google, data 08/04/14
Ø SICONÓIDE: possui parede um pouco mais espessa que o tipo Asconóide. Nesse
tipo de esponja a parede apresenta fendas que levam a canais aferentes, nas paredes
dos quais se localizam os porócitos e estes se comunicam com os canais
radiais revestidos por coanócitos, a movimentação dos flagelos dos coanócitos
dos canais radiais força a água a passar pela espongiocela que e relativamente
menor que a das esponjas asconóides e não apresenta revestimentos de
coanócitos, (Uzunian e Caldini).
O caminho da água é: Meio externo → canal
inalante → poro → canais radiais → espongiocela → meio externo.
Figura extraída do Google, data 08/04/14
Ø LEUCONÓIDES:
esponjas maiores, mais alto grau de dobras, sendo o tipo mais complexo, consistem
de uma parede muito espessa em que há aberturas que levam a canais aferentes,
os quais desembocam em câmaras revestidas de coanócitos que são as câmaras vibráteis. Esta por sua vez
comunica-se por canais aferentes com a espongiocela que neste caso se resume a
um canal estreito e sem coanócitos. A movimentação da água pelos coanócitos das
câmaras vibráteis faz a água circular no corpo da esponja sempre entrando pelos
poros e saindo pelo ósculo. O número de câmaras vibráteis pode ser enorme, por
exemplo, a esponja microciana prolífera pode ter mais de 10 mil câmaras
microscópicas, cada uma delas revestida por 50 a 60 coanócitos (Uzunian e
Caldini).
O caminho da água nas Leuconóides é: meio externo → canais
aferentes → câmaras vibráteis → canais aferentes → espongiocela → ósculo → meio
externo.
Figura extraída do Google, data 08/04/14
15.4
CLASSIFICAÇÃO DOS PORÍFEROS:
O filo Porífero
é dividido em três classes: Calcárea, Desmospongiae, Hexactinellidae, (Amabis e
Martho 2010).
Ø
Os representantes da classe Calcárea são todos
marinhos e caracterizam-se por apresentar predominantemente espículas de
carbono de cálcio como elementos de sustentação esquelética, a maioria possui tamanho
pequeno e forma tubular (Amabis e Martho 2010).
·
Possuem textura áspera;
·
Geralmente de tamanho
pequeno;
·
Algumas espécies
possuem cores vibrantes;
·
Estão entre as mais
primitivas;
·
150 espécies
conhecidas.
Ø
Já os representantes
da classe Desmospongiae são em sua maioria marinhas e caracterizam por
apresentar espículas silicosas, fibras de espongina, ou ambas como elemento de
sustentação esquelética. A maioria é assimétrica, com tamanho que varia de
poucos milímetros a mais de 2 metros, são incrustantes isto é crescem aderidas
a substratos submersos formando crosta geralmente coloridas (Amabis e
Martho 2010).
Ø
As esponjas da classe
Hexactinellidae são exclusivamente marinhas, em geral, crescem eretas, muitas
espécies possuem forma cilíndrica. Podem apresentar cor amarelada ou cinzenta,
tamanho entre 10 e 30 centímetros costumam viver em grandes profundidades 200 e
1000 metros e abundantes na Antártida. Possui as espículas silicosas que são os
elementos de sustentação esquelética quase sempre com seis raios (por isso o
nome Hexactinellidae do grego hexa,
seis). Após a morte da esponja o esqueleto de sílica perdura, lembrando um vaso
cujas paredes são formadas por fibras vitrificadas e entrelaçadas (Amabis
e Martho 2010).
15.5 –
REPRODUÇÃO DOS PORÍFEROS:
As esponjas
podem apresentar reprodução de duas maneiras; assexuada ou sexuada.
Ø
REPRODUÇÃO ASSEXUADA;
A maioria das esponjas tem sistema de reprodução assexuada e pode ser por brotamento, fragmentação ou gemulação.
·
Brotamento:
uma esponja inicial produz uma projeção no corpo, que se denomina broto, este
pode se soltar originando um novo indivíduo. Em muitas espécies o broto não se
separa, originando colônias (Uzunian e Caldini 2008).
·
Fragmentação:
as esponjas têm grande poder de regeneração, pequenos pedaços separados
eventualmente do corpo delas, podem regenerar por completo formando esponjas inteiras (Uzunian e Caldini 2008).
·
Gemulação:
é mais comum em espécies de água doce, onde as condições ambientais podem se
tornar temporariamente adversas, como ocorre quando os rios secam. Ao
perceberem mudanças ambientais, as esponjas iniciam a produção de gêmulas,
formas de resistência que se originam no meso-hilo. Gêmulas são estruturas
resistentes a adversidades ambientais como seca. Essas gêmulas se originam no interior do corpo da esponja, têm parede
espessa, possuem espículas e um conjunto de amebócitos que vão auxiliar na
formação de novas células assim que houver local e ambiente propício para seu
desenvolvimento. Quando as esponjas morrem, as gêmulas podem permanecer no meio
por longos períodos de tempos até que as condições ambientais voltem a se
tornar favoráveis, nessas condições os arqueócitos saem por uma abertura
presente na gêmula, a micrópila e reorganizam uma nova esponja, (Uzunian e Caldini 2008).
Figura extraída do Google, data 08/04/14
Ø
REPRODUÇÃO SEXUADA:
As esponjas também têm reprodução sexuada, e a maioria das espécies é monóica,
ou hermafrodita, o mesmo indivíduo ou colônias formam gametas de ambos os
sexos. Há também espécies dióicas, com indivíduos produtores de óvulos (fêmeas)
e indivíduos produtores de espermatozóides (machos).
Os espermatozóides são formados a partir dos coanócitos e são liberados
para a água através dos ósculos, enquanto os óvulos geralmente permanecem no
meso-hilo da esponja que o formou. O desenvolvimento do zigoto ocorre no
meso-hilo e origina a blástula que por ser dotada de células flageladas pode
nadar através do ósculo e libertar-se da esponja mãe. Em muitas espécies a
blástula flagelada se fixa a um objeto submerso e origina uma nova esponja
semelhante à original, sendo então o desenvolvimento
direto, porque a blástula é um organismo jovem semelhante aos adultos.
Algumas espécies de esponja apresentam desenvolvimento
indireto, a blástula origina um organismo bem diferente da forma adulta que
geneticamente é chamada de larva (Amabis
e Martho 2010).
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